quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Na tragédia do ano passado, Nova Friburgo ficou sem luz e telefone. A comunicação foi garantida pelos radioamadores. Muito abnegados, os integrantes dessa categoria—que têm até uma associação—não se limitaram a passar e receber informações. Também puseram mãos à obra e com seus veículos ajudaram no transporte de pessoas e suprimentos.
O presidente do Grupo de Radioamadores de Nova Friburgo (Granf), Carlos Eduardo Bastos Fontão (Cacá), fala do grande serviço prestado à época e que continua até os dias atuais. No dia 12 de janeiro do ano passado a cidade se viu sem qualquer tipo de comunicação e os radioamadores é que entraram em ação. Até ao meio-dia, 17 radioamadores já estavam operando em vários pontos do município, principalmente nos pontos mais afetados. E todas as informações eram repassadas aos órgãos constituídos, como Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Força Nacional e Batalhão de Operações (Bope).
O trabalho era transmitir as informações de cada bairro no sentido de obter resgate, salvamento e ajuda humanitária, como alimentos. O próprio Cacá, com outras pessoas, trabalhou com seu carro nesse sentido e se deslocava para pontos como o Hospital Unimed, Campo do Coelho, entre outros lugares. 
Como os equipamentos dos radioamadores funciona a bateria, na ocasião foi montada uma repetidora no Alto de Olaria. Com ela a categoria conseguiu cobrir boa parte do município. Hoje em dia esta repetidora está instalada na Pedra do Imperador e outra está sendo deslocada do Baixo Caledônia para o Altíssimo Caledônia (pico). Isto facilita o trabalho dos radioamadores, que continua.
No decorrer desse ano a categoria participou de várias reuniões de associações de moradores e do plano de contingência do Conselho de Desenvolvimento de Nova Friburgo (Codenf), entre outras. Os radioamadores também têm participado dos simulados da Defesa Civil e quando começa a chover forte todos estão de prontidão, como ocorreu no início do ano.
Uma sala de comunicação e reuniões da categoria foi montada na Praça Getúlio Vargas, 92, 1º andar, junto à sede da Cruz Vermelha local, cedida pela prefeitura. Também foram aplicadas provas para radioamadorismo, pois o número de adeptos aumentou. Este hobby não é barato. Para se montar uma estação base, com rádio e antena novos passa dos mil reais. À medida que a pessoa vai tomando gosto pela coisa, vai querendo ampliar os equipamentos, ao ponto de haver quem gaste até mais de 30 mil reais em sua estação.
O Granf é uma instituição sem fins lucrativos e atua há mais de 20 anos. As repetidoras também são mantidas através de rateio entre os integrantes. Depois da catástrofe houve ajuda de outras entidades que, junto com a união das participantes, permitiu a melhoria dos equipamentos das torres. “E vamos trabalhar para o que for preciso para ajudar a população”, entusiasma-se Cacá. E complementa: “A gente espera que nada aconteça, mas vai estar de prontidão, o tempo que for necessário para fazer as comunicações necessárias em Nova Friburgo”.
A sede do Granf tem reunião aberta às quartas e sextas-feiras, a partir das 19h, e aos domingos a partir das 10h. É a oportunidade para bate-papos, troca de experiências e acolhimento aos interessados em ingressar nesse hobby, com informações sobre como proceder, tipos de equipamentos comprar. 
“Depois da catástrofe a gente está se organizando cada vez mais. Até então radioamador era considerado aquele cara que dava interferência na antena dos outros. Agora, não. Há pouco mais de um mês o Granf foi considerado de utilidade pública, aprovado pela Câmara Municipal, e estamos crescendo para ajudar”, finalizou Cacá.
FONTE: JORNAL A VOZ  DE SERRA  DE 12\01\2012

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